Pregue, se necessário use palavras?

Pregue, se necessário use palavras?

Todo aquele que um dia foi alcançado pelo evangelho de Jesus Cristo, sabe de forma bem clara sobre a importância de transmitir a mensagem e cumprir o ide. (Mc 16:15). De todas as obras que fazemos no reino de Deus, com certeza a que está no topo da pirâmide é a pregação do evangelho. Tal pregação pode ser feita através do púlpito, entre os familiares, na rua, no trabalho ou em qualquer outro lugar. Como Paulo instruiu Timóteo, devemos pregar o evangelho em momentos oportunos ou não (2 Tm 4:2). Quando pensamos sobre o método ou forma com a qual pregamos o evangelho, a seguinte pergunta vem a mente: devo pregar com a vida ou com palavras? Devo praticar somente uma das partes ou as duas coisas?

Se aprofundando na questão

A resposta para essas perguntas pode parecer clara para alguns, mas gostaria de nesse artigo me aprofundar um pouco na questão. Por isso desejo que você insista um pouco nesse pequeno estudo, ainda que já tenha uma resposta clara.

Primeiramente quero enfatizar que essa ideia surge do que conhecemos como dualismo, nesse caso aplicado a religião. Dualismo na religião é a crença de que bem e mal, ou seja, Deus e o diabo estão em pé de igualdade participando de uma grande guerra pelo controle da humanidade. Pensamento esse completamente rechaçado pelas escrituras sagradas. Esse tipo de pensamento, além de atingir questões relacionadas a fé, dividiu também a igreja no entendimento da pregação do evangelho. A partir desse mau entendimento a igreja se dividiu em duas alas: os que pregam só com palavras e os que pregam com o testemunho de vida.

É muito comum hoje ouvirmos a frase: “Pregue com a vida, se necessário use palavras”. A frase original é essa: “Pregue o Evangelho em todo o tempo, e se necessário, use palavras”. Essa frase atribuída a São Francisco de Assis é mal interpretada de muitas formas, principalmente devido à parte “se necessário”. A seguinte pergunta surge: devo pregar o evangelho só quando necessário? Quando não for “necessário” a pregação com a vida e testemunho bastam? Vamos caminhar nesse pensamento um pouco mais.

O que é pregar com a vida?

Na concepção mais comum, pregar com a vida é dar o testemunho daquilo que se fala. Ou seja, aquele que prega o evangelho deve andar pelo caminho que ele aponta. O evangelho de Cristo é a mensagem que se parece com uma “forma”. Minha esposa, por exemplo, trabalha fazendo bolos e quando ela recebe a encomenda de um bolo redondo, a única forma de ela alcançar o objetivo de satisfazer o cliente é colocando a massa em uma forma redonda. E evangelho também é assim; por isso, é chamado de caminho.

O caminho que Jesus tem para nós através do evangelho já é um caminho pronto e moldado que ele mesmo trilhou e a única coisa que devemos fazer é trilhar por esse caminho. Essa então seria a forma de pregar com a vida. Ou seja: se eu prego e não vivo, essa minha pregação é falsa ou no mínimo deficiente.

O que é pregar com palavras?

Aqui está algo que podemos entender de forma mais clara. Pregar com palavras é simplesmente falar da palavra de Deus para as pessoas. É pregar o evangelho da forma mais clara e eficiente possível a fim de ganhar almas para Cristo, fortalecer os irmãos e convencer aqueles que estão vacilantes. Isso exige preparo mas também é uma coisa simples. A pessoa mais simples da igreja pode simplesmente abrir a boca e falar sobre as maravilhas que Cristo fez e faz.

Um erro muito comum

Qual seria então o erro quando pessoas perguntam: devo pregar com a vida ou com palavras? O erro acontece quando eu uso o pensamento dualista para dividir as duas ideias. Quando pensamos sobre pregar com a vida sabemos que é uma coisa boa. Quando pensamos em pregar com palavras, é evidente que isso também é algo excelente. Se as duas coisas são boas, então por que não fazer as duas coisas? Por que não pregar com a vida e também com as palavras? Você entende? As duas ideias não estão e nem deveriam estar em conflito porque uma ajuda e fortalece a outra.

Deixando bem claro, entre as duas ideias existe uma que prevalece. A pregação do evangelho com palavras sempre irá prevalecer sobre o testemunho devido a seu poder e ordem bíblica. (Ef 6:19; Cl 1:23). A pregação com palavras é imprescindível seguida depois do bom testemunho. Não é porque prego usando palavras que deixarei o testemunho de vida de lado. O testemunho da minha vida simplesmente segue aquilo pregado por mim.

Para concluir, devemos pregar com palavras e também com nossa vida a fim de dar testemunho aos incrédulos. O problema é que temos a tendência de sempre escolher lados e nos esquecemos que pregação com vida e com palavra é algo que anda junto. Não há divisões aqui. Então pregue com palavras e também testemunhe com sua vida. Essa é a maneira mais eficiente de exaltar a Cristo e trilhar o caminho.

 

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