Libertos para Obedecer

Libertos para Obedecer: A Verdadeira Obediência Nascida do Evangelho

Somos libertos para obedecer! Que afirmação gloriosa é essa! Aliás, de onde vem o poder para uma obediência genuína? Faço essa pergunta, pois acredito que atualmente existe um entendimento confuso sobre a obediência bíblica e verdadeira. Em muitos círculos evangélicos, a obediência é pregada e praticada de maneira falsa, e pessoas começam a lotar os templos com a intenção de barganhar com Deus. Isso acontece, muitas vezes, por uma ignorância tanto por parte do púlpito quanto por parte do povo. Acredito que a solução para isso seja o bom entendimento do que Deus fez por nós através do evangelho. (1 Co 15:1)

Obediência Não é Moeda de Troca

Quando o assunto é obediência, nossa mente tem a tendência de entender tudo como barganha. Infelizmente, existem muitas igrejas que pregam a obediência dessa forma, principalmente aquelas ligadas à teologia da prosperidade. Em outras palavras, nesse tipo de visão, “se eu faço isso ou aquilo, Deus se agradará de mim e eu serei abençoado”; consequentemente, “se eu não fizer isso ou aquilo, serei amaldiçoado”. É um tipo de indulgência moderna onde o fiel é capaz de “comprar” sua cura, bênção, libertação, entre outras coisas.

Essa é uma visão que muda radicalmente tudo em uma igreja, tirando todas as suas características essenciais. A intenção da adoração se torna falsa, o comportamento do membro é artificial, e quando ele não recebe o que é prometido, acha que a falha está em Deus. Vamos analisar como isso acontece:

Uma Adoração Falsa

Um dos princípios básicos da adoração é a gratidão. Quando vamos à igreja, a intenção nunca pode ser a troca e a barganha, mas sim o agradecimento e a prece. Veja bem: não é errado pedir por bênçãos na igreja; isso é até legítimo. A própria Escritura nos ensina a pedir: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á.” (Mateus 7:7).

O problema é quando queremos barganhar as bênçãos com a nossa obediência. Portanto, uma adoração só é verdadeira quando há uma intenção humilde e grata no coração, sem trocas e sem barganhas.

Um Comportamento Falso

Se um membro é ensinado pelos mestres da igreja a barganhar, o que ele fará todas às vezes que entrar no templo? A resposta é óbvia: barganha. Infelizmente, esse é o comportamento de muitos crentes, e isso tem duas razões principais: em primeiro lugar, o falso ensino dos mestres, e em segundo lugar, os hábitos consumistas de nossa época.

Há pessoas que entram na igreja não para adorar, mas sim para consumir as bênçãos. É como se as igrejas fossem grandes restaurantes no sistema self-service, em que os membros entram, escolhem suas bênçãos e “pagam” no final. Esse é um método totalmente contrário às Escrituras. Igreja não é fast food, e sim casa de louvor e adoração. Todo membro que entra na igreja com outra intenção senão adoração e louvor tem problemas sérios de comportamento.

Culpando a Pessoa Errada

Tudo isso faz com que as pessoas culpem a Deus. Porém, a grande verdade é que Deus não tem nada a ver com isso! Deus não prometeu essas coisas. Ele não disse que abençoa pessoas por terem a capacidade de troca e barganha. Muito pelo contrário, Deus abençoa quem é humilde e grato. É a verdadeira adoração que gera em nós uma obediência genuína, e esse tipo de obediência agrada a Deus.

Mas, se Deus não tem culpa da adoração e do comportamento falsos, quem é o culpado? Repito: o culpado é o mestre que ensina e o povo consumista que aceita. Se a igreja não for bíblica, está fadada a cair em muitos erros e “vãs sutilezas dos falsos mestres”: “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si mestres conforme as suas próprias cobiças;” (2 Tm 4:3). Olhe para o cenário do evangelicalismo atual e perceba como isso é real. Uma pequena pesquisa no Google pode te deixar boquiaberto.

Resolvendo a Questão com o Evangelho

A questão pode ser resolvida com um bom entendimento do evangelho. Quando entendemos de maneira correta o evangelho, nossa adoração muda e nosso comportamento é transformado. Então, a obediência só é genuína de fato quando entendemos o que Jesus fez por nós na cruz do Calvário.

Quando eu entendo e aceito o que Ele fez por mim, a necessidade de troca e barganha perde seu efeito, e eu posso agora obedecer a Deus livremente, sem o peso da culpa. “Pois a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte.” (Rm 8:2).

O evangelho, sendo as boas novas de que Jesus Cristo morreu e ressuscitou conforme as Escrituras (1 Co 15:3-4), transforma o nosso culto, tornando-o mais vivo e frutífero. E a Palavra de Deus, ensinada por mestres pregadores, é essencial para que isso aconteça. É por isso que precisamos de ministros fundamentados na Palavra e compromissados com a verdade: “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.” (2 Tm 2:15). Quanto mais ouvimos a Palavra de Deus, mais o nosso coração se torna propenso e suscetível a obedecer de forma real e genuína.

Essa, então, é a solução que o evangelho nos dá quando a questão é obediência. Em outras palavras, só obedecemos a Deus de forma genuína quando entendemos o evangelho de forma genuína; o contrário disso é fracasso e esforço da carne. Quando entendemos que Cristo, na cruz do Calvário, tomou a ira de Deus no nosso lugar, isso nos faz viver e andar na luz. Não somos forçados a obedecer, porque a obediência, nesse caso, se torna natural. É o que poderíamos chamar de “obediência automática”, no sentido de ser algo que surge naturalmente, sem que para isso sejam precisos muitos apelos por parte de nossos pastores.

A verdadeira obediência, então, faz acender a chama da verdadeira adoração. E para ser sincero, verdadeira adoração é tudo de que precisamos neste mundo caótico. Assim como diz a Palavra de Deus, devemos adorar em Espírito e em verdade, pois o Pai procura esses adoradores:

“Mas vem a hora — e já chegou — em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. Porque são esses que o Pai procura para seus adoradores. Deus é Espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade.” (João 4:23,24)

 

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